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- A semente do Reino III
29 julho 2014
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O semeador, autor não identificado |
Jesus ensinou sobre a Onisciência, Onipotência e Onipresença de Deus para tirar a ansiedade em sua raiz mestre. Ele se preocupava com a ansiedade porque ele observava o quanto seus discípulos estavam ansiosos. Por isso ele disse: Portanto, não fiquem preocupados, perguntando: “Onde é que vamos arranjar comida?” ou “Onde é que vamos arranjar bebida?” ou “Onde é que vamos arranjar roupas?” Pois os pagãos é que estão sempre procurando essas coisas. O Pai de vocês, que está no céu, sabe que vocês precisam de tudo isso. Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o Reino de Deus e aquilo que Deus quer, e ele lhes dará todas essas coisas.
Viver hoje em dia não é mais difícil do que nos dias dos discípulos. Para a maioria de nós, comida e bebida não é a fonte da ansiedade. A classe média tem outras preocupações. Nossa preocupação maior está nas coisas que ainda não chegaram, está no futuro, tanto o nosso quanto o dos nossos filhos. A nossa falta de confiança nos induz as temor que as coisas não venham a dar certo. Jesus adverte que a nossa capacidade de ter fé, de ter confiança, de ter esperança em Deus não é nem igual a nossa ansiedade. Somente a inspiração do seu Espírito pode nos tranquilizar e nos assegurar que tudo vai dar certo, no tempo certo e da maneira certa. O seu Espírito nos desafia a crer que as coisas desse mundo não têm que continuar como estão.
A nossa ansiedade nos remete à culpa, porque todos os homens têm essa dor como culpa. E se somos culpados, o somos diante de alguém que tem poder sobre nós, alguém que tem autoridade sobre nós. É isso que faz a ansiedade virar culpa. Heller disse o seguinte: existe dois e apenas dois tipos de religião na História da humanidade. Aquelas que operam na suposição de que Deus está a nosso favor, e aquelas que operam na suposição de que Deus está contra nós. Aquelas que acreditam que Deus está contra nós criam estratégias complicadas de conduta e adoração para prover à humanidade uma possibilidade de autojustificação. Elas são as dignas signatárias da escravidão que nos leva ao beco sem saída. As religiões que creem que Deus está a nosso favor se expressam em autêntica celebração de graça e gratidão. Elas representam a liberdade de viver uma vida onde não há sina e nem pré-determinação. Elas representam uma busca criativa onde cada desfio é, em última análise, seguro, porque a graça de Deus é maior do que a nossa capacidade de errar e maior que o nosso pecado.
Nesse particular há três observações cruciais:
Em toda história da religião humana, a religião da graça apareceu apenas uma vez: na experiência judaico-cristã. Foi apenas um homem que percebeu que Deus queria curar as nações do mundo por meio dele e do jeito dele. Assim Jesus pregou e viveu o seu ministério terreno.
Todas as outras formas religiosas têm apresentado um Deus ameaçador, e por isso elas engendraram estratégias de auto-justificação para pessoas ansiosas. São as coisas que fazemos, as nossas obras, a nossa pureza e a nossa santificação para agradar o Deus que está contar nós.
Infelizmente o Judaísmo tinha perdido a sua clara visão da graça de Deus, e havia transformado a religião em um paganismo bem desenvolvido, que concebia Deus como uma entidade ameaçadora e que precisava ser apaziguada através de rituais legalistas. Da mesma forma, no século XV, o Cristianismo perdera também a sua visão da graça, e caiu num paganismo sem freio. Foi aí que Martinho Lutero veio para resgatar essa religião e trazê-la à comunhão incondicional da graça de Deus. Mas isso durou menos de dois séculos. Daí para frente, o que a religião fez foi tentar manipular um Deus violento e ameaçador e fazer com que ele realizasse a vontade dela.
Será que acreditamos de fato que Deus permitirá que aconteçam apenas as coisas que são para o nosso bem? Temos a ousadia de crer em Deus e que seu Reino cresceu até esse ponto? Sabemos que vamos ter sempre diante de nós a ansiedade e a fé. Mas isso jamais poderá impedir que os nossos sonhos estejam, pelo menos, no mesmo grau da esperança que temos em um Deus que plantou a semente do seu Reino em nós porque acredita em nós, que está sempre ao nosso lado e que age em nosso favor.